Isso começou bem cedo, quando eu tinha seis anos e nasceu minha irmã... Puxa, é um bocado de diferença de idade! Bom, quem não ficaria enciumado em meu lugar? Eu era a primeira neta da família da minha mãe e da família do meu pai e o bebê da família, já que as minhas primas já estavam maiorzinhas e aí, me vem aquele “toco” de gente gordinha, careca e com os olhos azuis!!! Azuis!!! Ai como eu sofri por causa daqueles olhos porque toda visita que vinha em casa dizia: “Nossa que linda, ela tem olhos azuis!!”. E ela era tudo de bom, simpática, sorridente, boazinha, comportada, meiguinha, ou seja, TUDO QUE EU NÃO ERA...e ainda tive que crescer ouvindo o famoso bordão “Por que você não é igual à sua irmã?” e outras coisas mais que sempre me faziam crer que a minha mãe gostava mais dela do que de mim...bobeira de gente ciumenta!
Bom, o tempo passou e eu conquistei o meu espaço, fiquei mais simpática, mais estudiosa, arrumei um belo de um namorado - que virou noivo e virou marido- pra ninguém botar defeito e meu conceito subiu consideravelmente na família (risos).
Com esse marido eu ia morar dois anos no Japão trabalhando, nesse ínterim minha mãe se mudou para Joinville-SC onde minha irmã queria estudar e morar junto com meu pai que já morava lá há dez anos. Minha irmã foi com planos de estudar, trabalhar e ajudar minha mãe nas despesas da casa...só que nem sempre a realidade acaba coincidindo com os planos e minha irmã – até então tão fechada – ficou apaixonada por um rapaz que ela conheceu lá e começaram a namorar, o que deu uma boa virada na vida da minha mãe.
Em junho do ano passado engravidei, o que foi uma felicidade muito grande para todos, principalmente minha mãe que era doida para ser avó, ela tinha medo de que, quando os netos viessem, ela não tivesse pique para acompanhá-los...ela ficou feito boba, falando para todos que ia ser avó, até uma bela noite duas semanas depois em que a minha irmã ligou meia-noite pra ela dizendo que também estava grávida...dezessete anos!! Minha mãe quase enlouqueceu, não que isso seja o fim do mundo pra ela porque ela sempre foi moderna e nos ensinou a não criticar nem ter preconceito com nada, mas porque – hoje sou mãe e entendo melhor – fazemos planos para nossos filhos e desejamos tudo de bom pra eles, que a vida seja leve, fácil, sem atropelos e ela não queria nada diferente do que isso para minha irmã, que ela - como eu - estudasse, se formasse, ficasse noiva, se casasse e depois com a vida mais estável “encomendasse” um bebê. Mais tarde minha mãe me contou que quando conversaram pessoalmente ela disse “Carla (é o nome dela), você além de tudo está roubando a cena da sua irmã! Você sabe como ela é ciumenta! Nós queríamos curtir a gravidez dela, o nenezinho dela, pra depois mais tarde fazer tudo isso com você! Sua irmã vai ficar muito triste”.
Nossa! Aquilo caiu como uma bomba porque – por tudo que é mais sagrado – isso nem me passou pela cabeça, eu fiquei triste não pelo bebê, mas porque eu sabia que agora tudo ia ser mais difícil para ela, estudar, arrumar a vida, etc...
Não sei se de tanto minha mãe orar e ter medo que nascessem juntos e ela não pudesse ficar com as duas ao mesmo tempo, o Muriel, meu filhinho, nasceu em 27 de fevereiro de 2010, prematuro de 4 semanas e o Caio nasceu também com uns dias antes em 25 de março de 2010, não fosse assim, provavelmente teriam nascido no mesmo dia!!
Aí estão os lobinhos da madrugada:
O Caio é uma benção em nossas vidas tanto quanto o Muriel, é só uma pena que morem distantes, mas um dia, - quem sabe? - possam estar bem juntinhos.
Eu levo uma vida modesta, mas minha irmã por sua situação de não ser casada, os dois serem muito jovens e não terem nada ainda não vai ter condição de fazer uma boa festinha de 1º aninho para meu sobrinho, portanto, o meu sonho é uma festinha bem linda para os dois juntos, tendo como tema da festa o CHICO BENTO do Maurício de Souza, afinal uma historia como essa não acontece todo dia...vai ser uma lembrança maravilhosa para todos nós!
A propósito, não tenho mais ciúme da minha irmã, tenho sim é muito amor por ela e por meu afilhado (não contei né? Ele é meu afilhado!).
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