quarta-feira, 29 de junho de 2011

Relatando o meu parto


Precisei de muita coragem para escrever sobre esse assunto, pois, até semana passada não me conformava de o meu parto ter sido uma cesariana de emergência quando eu tinha acabado de completar 36 semanas de gestação.
Tempos depois fui informada de que tive um descolamento da placenta, ou seja, a bolsa rompeu, a placenta desceu e tampou o canal vaginal, eu e meu filho corríamos risco de ir a óbito( Agradeço a Doula Cris, pela resposta a minha dúvida-www.crisdoula.blogspot.com) e agora que conformada, narrarei para vocês a véspera e o grande dia !!!

Era uma sexta-feira dia 26 de fevereiro de 2010 aproximadamente 16h30, eu estava trabalhando em um estúdio onde eu era fotógrafa, mas durante a gestação ajudava na recepção) e batendo papo com uma moça que tinha levado o filho recém nascido para tirar a foto do primeiro mês, ela me contava como tinha sido o seu parto, disse que foi num dia inesperado que, de repente, veio aquela dor nas costas... quando ela terminou de me contar eu senti a mesma dor ... estranha como se fosse uma agulha de tricô me espetando, queimando pra valer as minhas costas, eu entrei no estúdio feminino, me deitei e fiquei descansando. Minhas companheiras de trabalho chegaram e eu disse o que estava sentindo, mas que ia passar, se não passasse a noite eu iria ao hospital.
A dor passou e fui para casa as 17h30 , meu vôzinho foi me buscar, quando eu cheguei em casa estava me sentindo bem, comentei com minha vó o que tinha sentido mas nada demais, aí ás 20h mais ou menos, eu estava conversando com minha mãe no MSN(minha mãe mora em SC-Joinville) e estava começando a jantar, quando eu dei a primeira garfada senti a mesma agulhada nas costas, dessa vez muito forte, eu falei pro meu esposo: “Meu Deus, que dor!”. Ele me xingou, disse que era culpa minha, pois, vivia falando que o neném ia nascer antes... eu fiquei brava gritei com ele e com a Shania(minha cachorra) (risos)... Eu disse: “Não vou no hospital, vou dormir que vai passar!”

Eu me deitei e consegui dormir, às 3h30 da manhã do dia 27 de fevereiro, data que eu acabara de completar 36 semanas de gestação, me levantei, fui ao banheiro, fiz xixi e quando sentei na cama senti a bolsa estourar! Antes de acender a luz gritei: “Jun é agora!”, quando agente acendeu a luz, tinha sangue pra todo lugar, minha bolsa estourou com muito, muito sangue... eu dizia “Jun tá sangrando... por que tá sangrando? Não é normal né?”. Nisso ele foi chamar meu avô para nos levar ao hospital, eu entrei no chuveiro, tomei um banho rápido, coloquei um vestido listrado (o único que me servia naquela altura do campeonato) e uma blusa de frio. Eu tremia tanto, eu não sabia o que estava acontecendo, mas estava tão confiante de que iria dar tudo certo... estava despreparada, porque não tinha pensado a gravidez inteira sobre o parto, a única coisa que eu sabia é que eu queria muito que fosse parto normal!

Chegamos no hospital perto das 4h15 da madrugada... o médico me examinou e disse: “Bom, você só está de 36 semanas, ainda não está na hora, mas a bolsa estourou e não tem mais o que fazer... você está sentindo dor?” Eu disse: “Não”... ele respondeu que logo eu começaria a sentir, pediu pra enfermeira me ajudar a tirar a roupa e colocar aquele avental verde lindíssimo e um pano pra estancar o sangue que saia demais, ele não me explicou o porque eu estava sangrando nem nada... disse isso e mandou ela me levar para o pré-parto, lógico o “bonitão” não queria fazer mais nenhum parto, porque estava acabando o plantão dele...

Me colocaram na sala de pré parto e lá fiquei eu esperando sem saber se aquilo que estava acontecendo comigo era normal ou não... eu sentia o bebê mexendo e isso era um grande alívio para mim.
Perto das 6 da manhã, eu fui fazer xixi e o sangramento continuava muito intenso, eu comecei a orar para que outro médico chegasse logo... de repente um senhor bate na porta assoando o nariz e dizendo: “E aí mulherada, quem vai ser a primeira??? “ (risos) Me lembro que pensei: “Meu Deus, esse é o médico ? hahahaha...”.

Ele examinou a moça que estava do meu lado e depois foi minha vez, quando ele examinou fez uma cara tão assustada que gritou para a enfermeira: “Prepara ela rápido pra cesárea, parece que é placenta prévia, pede pro outro médico esperar que essa vai na frente”...ele olhou nos meus olhos e falou: “Minha filha fica calma, nós vamos fazer uma cesárea tudo bem?” Eu disse: “Tudo!”. Nesse momento comecei cantar hinos de louvor a louvar a Deus... apesar do medo eu estava com o meu espírito confiante... incrível, impressionante, minha confiança naquele momento, não sei explicar, uma amiga me disse que nossa alma a gente consegue controlar mas não o nosso espírito... ela tem razão!

Fui para a sala de cirurgia e lá ficamos esperando o anestesista que nunca chegava e quando chegou não era ele, era ela, era uma moça que, pedindo para eu me sentar aplicou a tal da rack, que eu sempre achei meio nome de cachorro (risos). Quando ela aplicou me deu um alívio, fiquei meio doidona...meio maconhada (nunca usei maconha mas acho que é daquele jeito hahaha) eles começaram a cesárea e eu orando, louvando, escutei os médicos falando, “Achei, tá aqui, vamos lá meninão”... “Pega”... e pronto... não escutei nenhum chorinho, nenhum resmungo, ninguém me explicou nada, não vi a carinha... nada... eles me costuraram e foram me levando para o quarto, naquele dia nem quarto tinha no hospital... me colocaram em um quarto do convênio e eu nem sabia que estava no quarto do convênio, eu olhava e pensava: “Olha que legal! O SUS coloca até TV para pacientes (risos)... nem imaginava onde eu estava... fiquei lá um tempão sem informação, sem saber o que aconteceu com meu filhinho... Acreditam que eu não fiquei desesperada?

Hoje pensando friamente, era pra eu ter ficado desesperada, mas fiquei tranqüila, confiante, só esperando... depois de uma hora mais ou menos minha tia que trabalha na santa casa chegou e eu lembro só de ter falado: “Tia, cadê meu filho?” .Ela falou: “Fica tranqüila que eu vou ver o que aconteceu”.Eu pensei: “Ai, graças a Deus!“.Depois de um tempo ela chegou empurrando um carrinho com tipo banheira de acrílico e meu filhinho dentro: ela falou: “Aqui está seu bebê, conheça a mamãe!”. Não dá para descrever o que eu senti, era algo parecido com: “Eu já te conhecia, eu já sabia como você era, como você é meu querido... tanto amor tanta felicidade, que alívio! “

As enfermeiras colocaram-no para mamar, comigo deitada - Aí que horrível! Estava passando o efeito da anestesia e ia começar o tormento... eu não tinha leite... elas apertavam, apertavam e nada! Eu queria tanto amamentar, fiz tantos planos, cuidei tanto dos meus seios... tentaram, tentaram e nada... deitaram meu querido do meu lado, eu falava para minha tia: “Aí que fome!!! “ (risos) e ela respondia que eu tinha que ter calma, era preciso esperar seis horas.

Ao completar essas “abençoadas” me fizeram levantar - graças a Deus que minha tia Sonia estava comigo - quando eu pisei no chão foi a mesma coisa que minha barriga ter caído no chão... horrível, que dor horrível, que dor de cabeça, tudo doía e eu pensava: “Quem é a imbecil que escolhe fazer uma cesária? “ (me perdoem, mas na hora não pensei em mais nada mesmo, só nisso), se eu pudesse nunca teria escolhido feito essa escolha.
Meu filho nasceu às 7h15 da manhã do dia 27 de fevereiro de 2010, com 41cm e 2.350kg... “piquitinho” e com o danado do amarelão... que só foi curado com 3 meses. Não consegui amamentá-lo o dia 27 inteirinho, e na madrugada do dia 28 pensava que não iria conseguir definitivamente. Mesmo assim, sem o leite descer, insisti a noite inteira pra ele pegar o peito, ele era muito preguiçoso, mas tive muita ajuda das enfermeiras... de madrugada a enfermeira me perguntou se eu havia trocado a fralda dele. Eu pensei: “Mas tem que trocar? Que antaaaaaaaaaaaaaa hahahahahahah o que será que eu pensava??? Que o bebê não fazia xixi nem cocô??? Kkkkkkkkkkk .

A primeira troca foi um desastre, eu com aquela dor horrível da cesária tentando ficar em pé para conseguir trocá-lo... misericórdia! Na manhã do dia 28 eu ainda não tinha leite e levaram meu filho para dar um tal de complemento que eu não fazia nem idéia do que se tratava... quando foi na noite do dia 28 meu filhinho afogou, ficou roxo, a boquinha espumava e minha vó e mãe corriam com ele pelo corredor pra enfermeira salvar ele, antes disso acontecer, eu avisei para enfermeira, eu acho que ele esta afogado, e ela disse que não, que bebês não ficam roxo apenas quando afogam...Meu Deus ele já estava perdendo o ar... enfim, ela conseguiu desafogá-lo mas demorou para trazê-lo de volta. Nesse momento fiquei paralisada no meio do corredor, meu coração parecia que tinha parado, posso dizer que ganhei de Deus a vida do Muriel duas vezes... a depois disso eu orava: “Oh Pai, faz meu leite descer!!!”
No dia seguinte meu seio estava enorme cheio de leite: “Glória a Deus!!! Que benção!!! Tive até que doar leite, mas mesmo assim tinha muita dificuldade para amamentar no hospital, tinha uma cadeira só para duas mães então eu tinha que amamentá-lo na cama e estava muito difícil com a dor.
No dia 29 eu não via a hora de ir pra casa! Eu fui liberada pela manhã, mas o Muriel não, por causa da icterícia, mas o pior era ficar esperando exame de sangue dele e ninguém dar uma resposta, a falta de informação desde o começo naquele hospital foi a maior falta de consideração por mim.
À tarde comecei a chorar desesperada, minha companheira de quarto era péssima, ficava pedindo pra eu levantar toda hora para chamar a enfermeira pra ela, mas eu estava com tanta dor... que comecei a chorar que queria ir embora, acho que ficaram com dó de mim e trouxeram o bendito exame, falaram que agente podia ir embora mas que o Muriel teria que tratar da icterícia...tadinho, foi muito difícil de sarar, mas graças a Deus foi curado! Então no dia 29 de fevereiro à noite fomos para a nossa casinha finalmente! E foi só alegria!

Minhas queridas, essa é minha história, de meu filhinho Muriel Ren Kamo e de toda a minha família.
Respeito a decisão de quem decide ter um parto cesariano, mas por favor pense nas vantagens do parto normal, natural... e deixe a cesária para um caso de estremo risco, como foi o meu... sinceramente, sei que a dor do parto normal não e fácil, mas depois que nasceu o bebê, acabou, você pode se dedicar completamente a ele e não ficar penando com a dor terrível do pós cesariano. Deixo pra vocês alguns blogs que explicam direitinho sobre as vantagens do parto natural, faça uma escolha consciente, deixem a natureza agir a seu favor, todas nós somos capazes de parir, alguns imprevistos acontecem e se acontecerem a ciência te ajudará com a cesaria, mas pensem, por favor pensem com carinho nas vantagens do parto natural!


Eu quero muito ter mais filhinhos e tenho certeza de que Deus me dará a graça de ter um parto natural!!!
Muito obrigada pela paciência!!!
Beijinhos a todas!


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